terça-feira, 4 de dezembro de 2012

Dia mundial da propaganda !



                 DIA 04 DE DEZEMBRO
                    Mundial da Propaganda

Em uma época em que a comunicação se tornou algo imprescindível ao processo produtivo, a propaganda recebe destaque.
No dia 04 de dezembro de 1936, na cidade de Buenos Aires, aconteceu um encontro de publicitários e comunicadores em geral. Assim, foi criado o Dia Panamericano da Propaganda. A partir da década de 70, o dia ganhou abrangência internacional e passou a ser conhecido como Dia Mundial da Propaganda.
O termo propaganda, do latim Propagare, quer dizer multiplicar, espalhar idéias. Em outras palavras, propaganda é uma forma específica de apresentar uma informação ou pensamento.
Introduzida pelo Papa Clemente VII, em 1597, quando fundou a Congregação de Propaganda com o fito de propagar a fé católica pelo mundo, a propaganda, tem como objetivo expressar e espalhar princípios e teorias.

domingo, 18 de novembro de 2012

Dia Nacional do Combate ao Câncer


Dia 27 de Novembro - Dia Nacional do Combate ao Câncer

Símbolo de combate ao câncer e autoexame de mama

O câncer é uma doença que se manifesta através do desenvolvimento de células desordenadas, que invadem os tecidos causando novos focos da doença através da metástase.
A doença possui características que invadem as células sadias, além de disseminar as células contaminadas, rapidamente, através da corrente sanguínea.
Em razão dos problemas causados pela doença, a partir de 1988 o Brasil estabeleceu um dia de tentativa e luta contra a mesma, o dia 27 de novembro. Nessa data são desenvolvidos projetos educativos, de conscientização da população acerca da doença e dos riscos em adquiri-la. Nesse dia, são distribuídos laços vermelhos para serem afixados nas roupas como broches, como símbolo da campanha.
Várias campanhas são realizadas para combater o câncer, os principais fatores que levam à doença são: fumaça de cigarro (químico), radioatividade (físico), infecções virais (biológicos).
Nos últimos anos, os tumores malignos, como também são chamados, foram responsáveis por 12% das mortes no mundo.
Os tratamentos da doença evoluíram muito e, hoje em dia, diagnósticos feitos precocemente podem auxiliar na cura do paciente em até 100%.
Os casos mais graves de câncer são:

O câncer de pulmão é o pior de todos e o mais fácil de ser encontrado. Nas últimas décadas a doença cresceu, no Brasil, cerca de 57% entre os homens e 134% entre as mulheres, pois muitas delas são fumantes passivas. Esse tipo de câncer leva à morte, pois os recursos não são dos melhores. Os tratamentos se restringem a sessões de quimioterapia, radioterapia ou cirurgia.
De mama, atingindo cerca de 35 mil brasileiras por ano, normalmente aparece em quem tem predisposição genética, havendo outros casos na família. É importante fazer exames de mama e, a partir dos vinte anos de idade, toda mulher deve fazer o autoexame, apalpando os seios logo após o período da menstruação. Mulheres com mais de trinta e cinco anos devem fazer mamografia a cada ano, a fim de assegurar que não estão desenvolvendo a doença.
Nas mulheres, também temos o câncer de colo do útero, responsável pela morte de 4 mil pacientes por ano no Brasil. É causado pelo vírus papiloma humano ou HPV, adquirido nas relações sexuais. Os sintomas desse tipo de câncer são corrimentos contínuos, sangramentos e dores durante as relações sexuais. Quando a mulher percebe esses sintomas, em caso de contaminação pelo vírus, a doença já se encontra em estágio avançado, por isso o melhor a fazer é se prevenir através do uso de preservativos.
Nos homens a doença aparece na próstata, com o desenvolvimento do tumor, porém, facilmente diagnosticado nos consultórios médicos. O problema é que o exame é feito através do toque retal, a partir dos 40 anos de idade, e muitos homens não se sujeitam a passar por essa forma de análise. Quando se descobre a doença, muitas vezes a mesma já está em estágio avançado, por falta de visitas regulares ao médico.
pele também é vítima do câncer. A grande exposição ao sol, a destruição da camada de ozônio, tem feito com que os raios ultravioletas cheguem a atingir-nos com maior facilidade. É comum vermos pessoas estiradas ao sol, entre as dez e quatorze horas, considerados horários críticos à exposição. No Brasil, esses têm aumentado em média de 100 mil novos casos por ano. O mais comum é o carcinoma, sendo responsável por 90% dos casos. Mas o melanoma é a espécie mais agressiva, podendo levar à morte se não for diagnosticado e tratado precocemente, já que pode atingir os órgãos vitais. O tratamento do melanoma é cirurgia seguida de sessões de quimioterapia.
O vice-presidente da Sociedade Brasileira de Oncologia afirma que uma das maiores dificuldades na luta contra o câncer é para se fazer um trabalho preventivo, de conscientização das pessoas.
Alguns tipos da doença, como de colo de útero, próstata, testículos, língua, boca, pele, dentre outros, poderiam ser diagnosticados facilmente em consultas clínicas, feitas regularmente.

Lei 10.639/03 e o ensino da história e cultura afro-brasileira e africana


Lei 10.639/03 e o ensino da história e cultura afro-brasileira e africana


A Lei 10.639/03, que versa sobre o ensino da história e cultura afro-brasileira e africana, ressalta a importância da cultura negra na formação da sociedade brasileira.

A Lei 10.639/03 versa sobre a valorização da história afro-brasileira e africana
A Lei 10.639/03 versa sobre a valorização da história afro-brasileira e africana


O ensino da história e cultura afro-brasileira e africana no Brasil sempre foi lembrado nas aulas de História com o tema da escravidão negra africana. No presente texto pretendemos esboçar uma reflexão acerca da Lei 10.639/03, alterada pela Lei 11.645/08, que torna obrigatório o ensino da história e cultura afro-brasileira e africana em todas as escolas, públicas e particulares, do ensino fundamental até o ensino médio.
Uma primeira reflexão que devemos fazer é sobre a palavra escravo, que foi sempre atribuída a pessoas em determinadas condições de trabalho. Portanto, a palavra escravo não existiria sem o significado do que é o trabalho e das condições para o trabalho.
Quando nos referimos, em sala de aula, ao escravo africano, nos equivocamos, pois ninguém é escravo – as pessoas foram e são escravizadas. O termo escravo, além de naturalizar essa condição às pessoas, ou seja, trazer a ideia de que ser escravo é uma condição inerente aos seres humanos, também possui um significado preconceituoso e pejorativo, que foi sendo construído durante a história da humanidade. Além disso, nessa mesma visão, o negro africano aparece na condição de escravo submisso e passivo.
A Lei 10.639/03 propõe novas diretrizes curriculares para o estudo da história e cultura afro-brasileira e africana. Por exemplo, os professores devem ressaltar em sala de aula a cultura afro-brasileira como constituinte e formadora da sociedade brasileira, na qual os negros são considerados como sujeitos históricos, valorizando-se, portanto, o pensamento e as ideias de importantes intelectuais negros brasileiros, a cultura (música, culinária, dança) e as religiões de matrizes africanas.
Com a Lei 10.639/03 também foi instituído o dia Nacional da Consciência Negra (20 de novembro), em homenagem ao dia da morte do líder quilombola negro Zumbi dos Palmares. O dia da consciência negra é marcado pela luta contra o preconceito racial no Brasil. Sendo assim, como trabalhar com essa temática em sala de aula? Os livros didáticos já estão quase todos adaptados com o conteúdo da Lei 10.639/03, mas, como as ferramentas que os professores podem utilizar em sala de aula são múltiplas, podemos recorrer às iconografias (imagens), como pinturas, fotografias e produções cinematográficas.
Uma boa indicação de material didático para abordar esse conteúdo são os materiais intitulados A Cor da Cultura, que variam entre livros animados, entrevistas, artigos, notícias e documentários, disponíveis em  http://www.acordacultura.org.br/– material importante que ressalta a diversidade cultural da sociedade brasileira.
 Outro importante material sobre a história da África, o qual os professores poderão utilizar como suporte teórico para a compreensão da diversidade étnica que constitui o continente africano, é a coleção História Geral da África, que tem aproximadamente dez mil páginas, distribuídas em oito volumes. Criada e reeditada por iniciativa da Organização das Nações Unidas para Educação, Ciência e Cultura (UNESCO), a coleção aborda desde a pré-história do continente africano até os anos 1980, e está disponível para download gratuito em http://www.dominiopublico.gov.br.
O ensino da história e cultura afro-brasileira e africana, após a aprovação da Lei 10.639/03, fez-se necessário para garantir uma ressignificação e valorização cultural das matrizes africanas que formam a diversidade cultural brasileira. Portanto, os professores exercem importante papel no processo da luta contra o preconceito e a discriminação racial no Brasil. 

Dia Nacional da consciência Negra!


Dia 20 de Novembro - O Dia Nacional da Consciência Negra e o livro “Cartas entre Marias”


Capa do livro Cartas entre Marias

O Dia Nacional da Consciência Negra é comemorado em 20 de novembro. Essa data foi escolhida como uma homenagem a Zumbi dos Palmares, que morreu no dia 20 de novembro de 1695. Nesse mês, vários trabalhos, programas televisivos, eventos educativos, projetos artísticos e culturais dão ênfase ao importante papel que o negro exerce em nossa sociedade, porém, essa abordagem deve ocorrer diariamente, rompendo com o preconceito que, infelizmente, ainda persiste em diversos pontos do planeta.
A sala de aula é um ambiente de aprendizagem e convívio social, sendo assim, ela se torna um espaço privilegiado para a abordagem de diversos temas, inclusive sobre o respeito à diversidade étnica. Nesse sentido, elaboramos uma estratégia de ensino para ministrar aulas sobre a riqueza, influência e pluralidade cultural do povo africano.
Inicie a aula elucidando que, no Brasil, o Dia da Consciência Negra é comemorado em 20 de novembro (destaque o motivo da escolha da data). Em seguida, explique que essa abordagem não deve se limitar a apenas um dia ou um mês, e sim o ano todo. Esclareça a importância do negro para a formação da sociedade brasileira, citando a influência na culinária, danças, roupas, economia, entre outros aspectos.
Posteriormente, apresente aos alunos um ótimo material sobre o tema – o livro Cartas entre Marias, de autoria de Virgínia Maria Yunes e Maria Isabel Leite, da Editora Evoluir Cultural. Essa obra é extraordinária para se trabalhar em sala de aula, visto que ela enfatiza a riqueza natural, étnica e cultural de um país africano: Guiné-Bissau.
O livro conta a história de duas amigas (Ana Maria e Maria Cristina) que moram em Florianópolis, Santa Catarina. No entanto, o pai de uma delas tem que fazer uma viagem a trabalho para uma ilha em Guiné-Bissau, levando toda a família. Nesse momento, começam as trocas de cartas entre as duas personagens, nas quais são descritos os elementos do cotidiano e da cultura do país africano. O material possui belas fotos de Guiné-Bissau, que foram tiradas por Virgínia Maria Yunes, uma das escritoras do livro.
Através dessa obra, o professor pode fazer analogias sobre os elementos culturais do Brasil e de Guiné-Bissau, além de destacar as belezas naturais do país descrito no livro. Explore ao máximo as fotos registradas e desperte o sentimento de respeito à diversidade étnica e cultural.
Encerre a aula debatendo duas perguntas realizadas para Maria Isabel Leite:
- De acordo com a análise das autoras do livro, quais os principais pontos em comum entre a cultura brasileira e a de Guiné-Bissau?
Difícil responder a essa questão sem resvalar para as perigosas generalizações. Se já é difícil falar de “cultura brasileira”, imagine da cultura de um continente tão grande como a África, que tem tantos países e cada um com suas características... Preferimos destacar a diversidade das culturas brasileiras e das culturas africanas – sempre no plural! Não se pode falar de cultura no singular. É isso que gera tantos equívocos. Mas se querem que destaquemos alguns aspectos de aproximação clara entre a cultura dessa aldeia da Guiné-Bissau com alguns pontos brasileiros, podemos lembrar da culinária apimentada da Bahia, da sua musicalidade, das suas festas – só para não deixar de fazer as aproximações requeridas.

- Vocês concordam com a forma de abordagem do continente africano nos livros didáticos? O que deveria ser mudado?
Tanto não concordamos, que decidimos começar por esse livro. Cada imagem foi pensada na perspectiva de desconstrução de estigmas. Cada frase foi escrita com o intuito de deflagrar perplexidades e colocar em xeque as verdades anteriores, construídas pelo senso comum. Se cada livro fizesse isso, a imagem e a relação com a cultura do outro, não só da Guiné-Bissau, mas de qualquer outro lugar, seria diferente. O que desejamos é contribuir para um universo de maior respeito à diversidade em todos os sentidos. 

Dia da Consciência Negra e o herói chamado Zumbi


Dia 20 de Novembro - Dia da Consciência Negra e o herói chamado Zumbi

Zumbi líder do quilombo dos Palmares
Zumbi foi o grande líder do quilombo dos Palmares, respeitado herói da resistência antiescravagista. Pesquisas e estudos indicam que nasceu em 1655, sendo descendente de guerreiros angolanos. Em um dos povoados do quilombo, foi capturado quando garoto por soldados e entregue ao padre Antonio Melo, de Porto Calvo. Criado e educado por este padre, o futuro líder do Quilombo dos Palmares já tinha apreciável noção de Português e Latim aos 12 anos de idade, sendo batizado com o nome de Francisco. Padre Antônio Melo escreveu várias cartas a um amigo, exaltando a inteligência de Zumbi (Francisco). Em 1670, com quinze anos, Zumbi fugiu e voltou para o Quilombo. Tornou-se um dos líderes mais famosos de Palmares. "Zumbi" significa: a força do espírito presente. Baluarte da luta negra contra a escravidão, Zumbi foi o último chefe do Quilombo dos Palmares.
O nome Palmares foi dado pelos portugueses, em razão do grande número de palmeiras encontradas na região da Serra da Barriga, ao sul da capitania de Pernambuco, hoje, estado de Alagoas. Os que lá viviam chamavam o quilombo de Angola Janga (Angola Pequena). Palmares constituiu-se como abrigo não só de negros, mas também de brancos pobres, índios e mestiços extorquidos pelo colonizador. Os quilombos, que na língua banto significam "povoação", funcionavam como núcleos habitacionais e comerciais, além de local de resistência à escravidão, já que abrigavam escravos fugidos de fazendas. No Brasil, o mais famoso deles foi Palmares.
O Quilombo dos Palmares existiu por um período de quase cem anos, entre 1600 e 1695. No Quilombo de Palmares (o maior em extensão), viviam cerca de vinte mil habitantes. Nos engenhos e senzalas, Palmares era parecido com a Terra Prometida, e Zumbi, era tido como eterno e imortal, e era reconhecido como um protetor leal e corajoso. Zumbi era um extraordinário e talentoso dirigente militar. Explorava com inteligência as peculiaridades da região. No Quilombo de Palmares plantavam-se frutas, milho, mandioca, feijão, cana, legumes, batatas. Em meados do século XVII, calculavam-se cerca de onze povoados. A capital era Macaco, na Serra da Barriga.
A Domingos Jorge Velho, um bandeirante paulista, vulto de triste lembrança da história do Brasil, foi atribuído a tarefa de destruir Palmares. Para o domínio colonial, aniquilar Palmares era mais que um imperativo atribuído, era uma questão de honra. Em 1694, com uma legião de 9.000 homens, armados com canhões, Domingos Jorge Velho começou a empreitada que levaria à derrota de Macaco, principal povoado de Palmares. Segundo Paiva de Oliveira, Zumbi foi localizado no dia 20 de novembro de 1695, vítima da traição de Antônio Soares. “O corpo perfurado por balas e punhaladas foi levado a Porto Calvo. A sua cabeça foi decepada e remetida para Recife onde, foi coberta por sal fino e espetada em um poste até ser consumida pelo tempo”.
O Quilombo dos Palmares foi defendido no século XVII durante anos por Zumbi contra as expedições militares que pretendiam trazer os negros fugidos novamente para a escravidão. O Dia da Consciência Negra é celebrado em 20 de novembro no Brasil e é dedicado à reflexão sobre a inserção do negro na sociedade brasileira. A data foi escolhida por coincidir com o dia da morte de Zumbi dos Palmares, em 1695.
A lei 10.639, de 9 de janeiro de 2003, incluiu o dia 20 de novembro no calendário escolar, data em que comemoramos o Dia Nacional da Consciência Negra. A mesma lei também tornou obrigatório o ensino sobre História e Cultura Afro-Brasileira. Nas escolas as aulas sobre os temas: História da África e dos africanos, luta dos negros no Brasil, cultura negra brasileira e o negro na formação da sociedade nacional, propiciarão o resgate das contribuições dos povos negros nas áreas social, econômica e política ao longo da história do país.

Proclamação da República


Dia 15 de Novembro Proclamação da República


Deodoro da Fonseca: executor de uma mudança construída ao longo do tempo.

O processo histórico em que se desenvolveu o fim do regime monárquico brasileiro e a ascensão da ordem republicana no Brasil perpassa por uma série de transformações em que visualizamos a chegada dos militares ao poder. De fato, a proposta de um regime republicano já vivia uma longa história manifestada em diferentes revoltas. Entre tantas tentativas de transformação, a Revolução Farroupilha (1835-1845) foi a última a levantar-se contra a monarquia.


Podemos destacar a importância do processo de industrialização e o crescimento da cafeicultura enquanto fatores de mudança sócio-econômica. As classes médias urbanas e os cafeicultores do Oeste paulista buscavam ampliar sua participação política através de uma nova forma de governo. Ao mesmo tempo, os militares que saíram vitoriosos da Guerra do Paraguai se aproximaram do pensamento positivista, defensor de um governo republicano centralizado.



Além dessa demanda por transformação política, devemos também destacar como a campanha abolicionista começou a divulgar uma forte propaganda contra o regime monárquico. Vários entusiastas da causa abolicionista relacionavam os entraves do desenvolvimento nacional às desigualdades de um tipo de relação de trabalho legitimado pelas mãos de Dom Pedro II. Dessa forma, o fim da monarquia era uma opção viável para muitos daqueles que combatiam a mão de obra escrava.



Até aqui podemos ver que os mais proeminentes intelectuais e mais importantes membros da elite agroexportadora nacional não mais apoiavam a monarquia. Essa perda de sustentação política pode ser ainda explicada com as consequências de duas leis que merecem destaque. Em 1850, a lei Eusébio de Queiroz proibiu a tráfico de escravos, encarecendo o uso desse tipo de força de trabalho. Naquele mesmo ano, a Lei de Terras preservava a economia nas mãos dos grandes proprietários de terra.



O conjunto dessas transformações ganhou maior força a partir de 1870. Naquele ano, os republicanos se organizaram em um partido e publicaram suas ideias no Manifesto Republicano. Naquela altura, os militares se mobilizaram contra os poderes amplos do imperador e, pouco depois, a Igreja se voltou contra a monarquia depois de ter suas medidas contra a presença de maçons na Igreja anuladas pelos poderes concedidos ao rei.



No ano de 1888, a abolição da escravidão promovida pelas mãos da princesa Isabel deu o último suspiro à Monarquia Brasileira. O latifúndio e a sociedade escravista que justificavam a presença de um imperador enérgico e autoritário, não faziam mais sentido às novas feições da sociedade brasileira do século XIX. Os clubes republicanos já se espalhavam em todo o país e naquela mesma época diversos boatos davam conta sobre a intenção de Dom Pedro II em reconfigurar os quadros da Guarda Nacional.



A ameaça de deposição e mudança dentro do exército serviu de motivação suficiente para que o Marechal Deodoro da Fonseca agrupasse as tropas do Rio de Janeiro e invadisse o Ministério da Guerra. Segundo alguns relatos, os militares pretendiam inicialmente exigir somente a mudança do Ministro da Guerra. No entanto, a ameaça militar foi suficiente para dissolver o gabinete imperial e proclamar a República.



O golpe militar promovido em 15 de novembro de 1889 foi reafirmado com a proclamação civil de integrantes do Partido Republicano, na Câmara dos Vereadores do Rio de Janeiro. Ao contrário do que aparentou, a proclamação foi consequência de um governo que não mais possuía base de sustentação política e não contou com intensa participação popular. Conforme salientado pelo ministro Aristides Lobo, a proclamação ocorreu às vistas de um povo que assistiu tudo de forma bestializada.


Primeira República
A primeira República, também conhecida como República Velha, foi o período que abrange a Proclamação da República até a revolução de 1930. Em 15 de novembro de 1889, houve uma reunião para decidir acerca da república no Brasil através do voto popular. Até que um plebiscito fosse realizado, a República permaneceu provisória. O governo provisório foi inicialmente comandado por marechal Deodoro da Fonseca que estabeleceu algumas modificações como a reforma do Código Penal, a separação da Igreja e do Estado, a naturalização dos estrangeiros residentes no país, a destruição do Conselho, a anulação do senado vitalício entre outras.
Em 21 de dezembro, a junta militar reuniu-se na Assembleia Constituinte para discutir acerca de uma nova Constituição que marcaria o início da República. Após um ano de realização do novo regime, o Congresso novamente se reuniu para que em 24 de fevereiro de 1891 fosse promulgada a primeira Constituição da República do Brasil, o que ocorreu neste dia. Essa constituição foi inspirada na Constituição dos Estados Unidos que se fundamenta na descentralização do poder que era dividido entre os Estados. Dessa forma, a Constituição do Brasil estabeleceu a federação dos Estados, o sistema presidencial, o casamento civil, a separação do poder criando os poderes Executivo, Legislativo e Judiciário, autonomia dos estados e municípios.
Esse regime recebeu o nome de República da Espada. Tal denominação se deu pela condição militar dos dois primeiros presidentes do Brasil. Apesar de reconhecida, a República sofreu grandes dificuldades, pois houve revoltas que a colocaram em perigo. Em 23 de novembro de 1891, Deodoro da Fonseca renunciou a presidência por ter tomado providências para fechar o Congresso, fato que gerou a primeira revolta armada e por este principal motivo Deodoro deixou o poder para evitar o desenrolar da revolta. Floriano Peixoto, até então vice-presidente, assumiu o cargo máximo executivo. Em oposição ao que dizia a Constituição, Floriano Peixoto impediu que uma nova eleição fosse feita gerando grande oposição, pois foi taxado como “ditador” ao governar de maneira centralizada, além de demitir todos aqueles que apoiaram Deodoro da Fonseca em seu mandato. Em 1893, inicia-se a Segunda Revolta Armada. Diante do fato, Floriano domina a revolta bombardeando a capital do país.
Após a saída de Floriano Peixoto, a aristocracia cafeeira que já dominava a supremacia econômica passou a dominar também a supremacia política. A República Oligárquica se fortaleceu com a chegada de Prudente de Morais na presidência, pois ele apoiou as oligarquias agrárias.


O regime republicano no Brasil

A República foi criada no Brasil pelo viés de um projeto visivelmente conservador.

No final da década de 1880, vários setores políticos brasileiros se mobilizavam em favor da extinção da monarquia e a consolidação da República no Brasil. A essa altura, a desarticulação da ordem escravocrata determinava a queda de um dos mais significativos sustentáculos da monarquia. Além disso, o surgimento de novos atores políticos, ávidos em ampliar a sua participação, também expunha a fragilidade que acometia o governo imperial.

Nessa época, os mais expressivos partidários do republicanismo se dividiam em três alas diferentes: militares positivistas, evolucionistas e revolucionários. Os militares positivistas acreditavam que a República seria um passo modernizante à vida política do país na medida em que o novo governo fosse conduzido por uma estrutura de poder centralizada nas mãos dos militares.

Em contrapartida, os chamados evolucionistas, apoiados pelos cafeicultores paulistas, esperavam que o regime republicano instaurasse maiores liberdades políticas e não que o mesmo não fosse criado por meio de grandes agitações. Por fim, manifestando uma ala republicana minoritária, os revolucionários esperavam que o novo regime fosse inspirado na Primeira República Francesa (1792 - 1794), onde os populares tinham significativa participação.

Por fim, entre tantas orientações, observamos que as alas militares foram responsáveis por uma transição política carente de qualquer apoio das classes menos privilegiadas. Não por acaso, o fim da monarquia brasileira não abriu caminho para que os velhos dilemas da exclusão social, política e econômica fossem finalmente colocados em questão. Formada por uma população miserável e inculta, a nação brasileira passou das mãos dos militares para as novas elites agroexportadoras.

Se por um lado o progresso anunciado pela nossa nova bandeira se fazia sentir nos grandes centros urbanos, a maioria da população rural se mostrava presa ao poder reservado aos grandes proprietários. Entre outras garantias, a Constituição de 1891 vetou a ampliação dos direitos políticos ao determinar a exclusão dos analfabetos de qualquer processo eleitoral. Dessa forma, as enormes diferenças sociais e a precariedade do sistema de ensino pavimentavam o conservadorismo republicano.

Por fim, observamos que a República Brasileira não se transformou em instrumento de diálogo entre as classes dirigentes do país e a grande massa de proletários rurais e urbanos. A ausência deste diálogo acabou sendo pedra fundamental para que uma série de revoltas colocasse em voga o enorme vão que separava o Estado e as maiorias que deveria de fato representar. As possíveis transformações do nosso sistema representativo foram lançadas ao esquecimento.

Equipe Brasil Escola

sexta-feira, 9 de novembro de 2012

          Leite, leitura

letras, literatura,
tudo o que passa,
tudo o que dura
tudo o que duramente passa
tudo o que passageiramente dura
tudo,tudo,tudo
não passa de caricatura
de você, minha amargura
de ver que viver não tem cura
Paulo Leminski

segunda-feira, 5 de novembro de 2012



No dia 5 de Novembro, é comemorado nacionalmente o dia do designer. Data que se refere ao nascimento de Aloísio Magalhães, um criador múltiplo, e que embora fosse formado em Direito, foi o pioneiro dodesign gráfico de nosso país.
                         
Curiosamente, a principal referência do design brasileiro atual, os Irmãos Campana, também não sãodesigners, um é arquiteto, e outro advogado. Sergio Rodrigues, uma referência sempre atual para o design de mobiliário, é arquiteto.Onde estão os designers? Para quem devemos dar parabéns no dia do designer? Essa é a questão que gostaríamos de levantar, não em sentido pejorativo, mas sim com o intuito de instigar a vontade de saber o que é fazer design.
Afastando o lado glamuroso em que alguns designers já consagrados vivem, a base do trabalho de designer, o trabalho do dia-a-dia, deve levar a um lugar comum: qualidade de vida. É nisso que nós do Design em Dia acreditamos, e de certa forma confirmamos com esse pouquíssimo tempo em quedesenvolvemos nosso trabalho. Por isso questionamos quem são os designers? Que atividade dá o título de designer  a uma pessoa? Graduação em curso técnico ou universidade? Experiência de anos de indústria? Várias turmas de designers formados sob sua orientação? Ou basta trabalhar para que de alguma forma seja melhorada a qualidade de vida?
É curioso nós, designers, pensarmos desta forma, principalmente por que isto soa como uma desvalorização da profissão. Mas, podem estar certos que não passa nem perto disso. É uma maneira de encarar que nosso “ganha pão” é composto por uma grande parcela de vontade de fazer acontecer, e que de nada adianta termos estrutura, dom, habilidades específicas, se ficarmos no ostracismo, esperando alguma coisa acontecer, que a valorização caia do céu. Os fatos mostram que muitas pessoas que não tem a “formação” de designer, batalham por acreditarem em suas idéias, em seus produtos, em suas expressões e chegam lá. Obviamente, estão à mercê de inúmeras críticas, mas quem não está? E isso também não diminui a contribuição que trazem.
Temos a certeza de que, quem está no mercado sabe que cada dia, temos que provar do que somos capazes. Estamos sempre sob julgamento de quem confunde design com gosto pessoal, e quer sempre que você faça alguma coisa mais “bonitinha” do que já existe, mais “moderno”, com “valor agregado”, “quase” igual a alguma coisa que já existe... complicado né?! Confesso que achávamos que isso ocorria por estarmos no Brasil, onde o design tem muito o que crescer. Mas nos surpreendemos com uma afirmação de Bruce Wood, da Glasgow Caledonian University, em uma das palestras do Design To Business, onde ele disse que na Escócia, os empresários normalmente acreditam nos engenheiros, nos contadores, nos médicos, mas que os designers sempre têm que provar o que estão dizendo.
Nossa mensagem, não é diferente da tradicional... 10% inspiração e 90% de transpiração.
   DIA 05 DE NOVEMBRO: DIA DO CINEMA                     BRASILEIRO.

                                      
No dia 8 de julho de 1896, sete meses depois de os irmãos Lumière inaugurarem a sétima arte em Paris, o Rio de Janeiro exibiu a primeira sessão de cinema no Brasil. No ano seguinte, em 1897, Paschoal Segreto e José Roberto Cunha Salles abriram a primeira sala de cinema, também no Rio de Janeiro, na rua do Ouvidor.
A sala chamava “Salão Novidades de Paris” e exibiu o primeiro filme brasileiro em 1898.

O filme, rodado por Afonso Segreto, mostrava um documentário com imagens da Baía de Guanabara. Aliás, os documentários foram as primeiras produções brasileiras. Depois de 1912, começava uma incipiente produção nacional com “Os Três Irmãos” e “Na Primavera da Vida”, do cineasta Humberto Mauro. Mas foi somente em 1929 que foi lançado o primeiro filme brasileiro totalmente sonorizado. O filme se chamava “Limite” e foi filmado por Mário Peixoto.
Em 1930, o primeiro estúdio de cinema do Brasil foi instalado no Rio de Janeiro, por Adhemar Gonzaga. Chamado de Cinédia, o estúdio produzia comédias musicais e dramas populares.

Em 1941, surgiu a Atlântida, famosa produtora das chanchadas que marcaram época, revelando cineastas como Carlos Manga. No fim da década de 40, foi a vez do estúdio Vera Cruz, que começou a produzir filmes no estilo de Hollywood. Em 1952, o filme “O Cangaceiro”, rodado por Lima Barreto, conseguiu entrar no circuito internacional e foi premiado no Festival de Cannes em 1953.
Autor: Juscelino Tanaka

05 DE NOVEMBRO- DIA DA CULTURA BRASILEIRA


DIA DA CULTURA
** Luiz Antonio de Assis Brasil
            Comemora-se hoje o Dia da Cultura Brasileira, homenagem a Ruy Barbosa, nascido em 5 de novembro de 1849. É momento de celebração e também de prestar contas, ainda que sumariamente, do que a Secretaria de Estado da Cultura já realizou em 2011. O trabalho tem um facilitador, um norte: as metas do programa do governo Tarso Genro para a área. Antes de tudo, é importante dizer que a Sedac funciona como uma equipe que trabalha com democracia interna, e busca, em todas as decisões, discuti-las com a comunidade cultural. Isso não nos paralisa; antes, nos estimula e fortalece. Não custa sublinhar que a Sedac é uma instituição enorme, com 3 fundações, 13 instituições, 2 sistemas, 9 museus e 5 bibliotecas, o que bem representa a complexidade de seu trabalho.
            Nestes dez meses, foi possível estabelecer ampla conversação com todas as expressões culturais, sejam aquelas mais tradicionais – e tradicionalistas, em sentido estrito – sejam as de ponta, geradas pela cultura urbana internacional. Isso não é fácil, por certo, mormente num Estado em que ambas as expressões são muito fortes e geradoras de históricas demandas.
            Trabalhou-se em planejamento e em ações efetivas, via transversalidade, com vários agentes públicos e privados. Quanto ao primeiro aspecto, foram implantados 10 Colegiados Setoriais e realizados oito Diálogos Culturais, abrangendo 300 municípios, com vistas à elaboração do      Plano Estadual de Cultura. O PEC está em vias de transformação em documento e, posteriormente, em lei. É possível alinhar também os convênios com o Ministério da Cultura, especialmente com o Programa Mais Cultura-RS, restabelecendo-se um diálogo que se encontrava rompido há anos; tais convênios preveem ações em parceria, sempre com contrapartida do Estado. Essas atuações referem-se a modernizações de bibliotecas, a criação de pontos de cultura, a instrumentalização de agentes de leitura, a qualificação das ações na área do patrimônio, dentre muitas.
            No que se refere à área do livro e da leitura, o Instituto Estadual do Livro fez reviver o Projeto Autor Presente e o Plano de Edições; recuperou-se a Revista :VOX e instituiu-se uma das maiores premiações nacionais, o Prêmio Moacyr Scliar, sempre com parcerias com a Corag e outras instituições. Via edital, a Sedac está em fase de seleção para modernizar 50 bibliotecas públicas em cidades de até dez mil habitantes; nas artes plásticas, reavivamos o Instituto de Artes Visuais e demos passos efetivos para a transferência do Museu de Arte Contemporânea para uma sede própria; criamos também o Prêmio Ieavi de Artes Visuais. A Casa de Cultura Mario Quintana, além de desenvolver uma programação diuturna e intensíssima, já está no começo de sua restauração integral, com apoio do Banrisul. A Sala Sinfônica da OSPA, enfim, sairá do papel, correspondendo a uma aspiração de décadas da comunidade gaúcha. Quanto ao cinema, selecionamos 10 longas-metragens para o apoio, com verbas públicas, de sua breve conclusão.
            Isso é pouco e é muito, de acordo com o enfoque; mas o certo é que nada disso seria possível sem o apoio em peso da comunidade cultural, que não falha quando convocada; cabe, ainda e por justiça, referir o suporte dos meios de comunicação, difusores privilegiados das ações e programações que não são nossas, não são do governo, mas de toda população do Rio Grande.

**Secretário de Estado da Cultura

quinta-feira, 1 de novembro de 2012


A LEITURA FAZ BEM ,TEM  NOVE   MOTIVOS PARA VOCE SE INTERESSAR PELA LEITURA
OPERAÇÃO LEITURA VOCÊ APOIA


frese incentivando a ler

Hino à Proclamação da República. Liberdade! Liberdade!

Em homenagem ao dia da Proclamação da República, não tendo muito que escrever, faço minha singela homenagem transcrevendo seu hino.
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Essa República que a cada dia é menos respeitada. Essa República que não sabemos nem do que se trata. Essa República que nossos “formadores de opinião” ainda a julgam na infância com 117 anos, pois nem conta sabem fazer, mas falar que a grande mídia caiu! ah!, isso eles falam de boca cheia. Essa República que a cada novo dia é governada por não republicanos, para não dizer o que deveria dizer com as devidas palavras.
Há espias até para quem escreve ao vento! Acreditem. Há.
Não a toa cada vez mais temos “trintões e trintonas” (para ficar somente na minha geração, resultado da geração paz e amor!) com a mentalidade de infantes. Tratamos de comemorar o dia como somente mais um feriado. Viva! Esse é o verdadeiro Brasil. País de infantes, para ser simpático.
Onde estão os Republicanos? Vamos ao que interessa, eis o hino. Salve a Liberdade, ainda que tentem nos tirá-la a cada dia. Liberdade! Liberdade! Abre as asas sobre nós!
Hino à Proclamação da República
Seja um pálio de luz desdobrado.
Sob a larga amplidão destes céus
Este canto rebel que o passado
Vem remir dos mais torpes labéus!
Seja um hino de glória que fale
De esperança, de um novo porvir!
Com visões de triunfos embale
Quem por ele lutando surgir!
Liberdade! Liberdade!
Abre as asas sobre nós!
Das lutas na tempestade
Dá que ouçamos tua voz!
Nós nem cremos que escravos outrora
Tenha havido em tão nobre País…
Hoje o rubro lampejo da aurora
Acha irmãos, não tiranos hostis.
Somos todos iguais! Ao futuro
Saberemos, unidos, levar
Nosso augusto estandarte que, puro,
Brilha, avante, da Pátria no altar!
Liberdade! Liberdade!
Se é mister que de peitos valentes
Haja sangue em nosso pendão,
Sangue vivo do herói Tiradentes
Batizou este audaz pavilhão!
Mensageiros de paz, paz queremos,
É de amor nossa força e poder
Mas da guerra nos transes supremos
Heis de ver-nos lutar e vencer!
Liberdade! Liberdade!
Do Ipiranga é preciso que o brado
Seja um grito soberbo de fé!
O Brasil já surgiu libertado,
Sobre as púrpuras régias de pé.
Eia, pois, brasileiros avante!
Verdes louros colhamos louçãos!
Seja o nosso País triunfante,
Livre terra de livres irmãos!
Liberdade! Liberdade!
Letra: Medeiros e Albuquerque
Música: Leopoldo Augusto Miguez
Retirado do Livro Hinos e Canções Militares, Edição de 1976.

terça-feira, 23 de outubro de 2012

Dia das Bruxas


31 de Outubro - Dia das Bruxas
O Dia das Bruxas, ou Halloween, tem origem na mitologia celta. No dia 31 de outubro, chegava ao fim o verão nas terras do norte e faziam-se homenagens e festas por boas colheitas.

 Há quem acredite que a origem da palavra Halloween venha de hallowinas - nome dado às guardiãs femininas do saber oculto na mitologia celta.

Mas a tradição de fantasiar-se vem da lenda de que no dia 31 de outubro as pessoas que haviam morrido no ano anterior voltavam para atormentar os vivos. As fantasias serviam então para assustar e enganar os espíritos.

A festa ficou popular mesmo quando foi levada para os Estados Unidos por imigrantes irlandeses. A data lá é tão importante que neste dia é feriado e o comércio registra um dos maiores volumes de negócios no ano.

As crianças fantasiam-se de bruxinhos ou monstrinhos e saem de porto em porta dando a senha: Trick or treat? (travessuras ou gostosuras?), e ganham doces, balas e presentes.

No Brasil a data é comemorada com festas e brincadeiras, onde as abóboras iluminadas dão o tom da decoração. Mas, embora seja uma assimilação da festa americana, não tem aqui o mesmo apelo popular.

Dia Nacional do Livro


29 de Outubro – Dia Nacional do Livro
No dia 29 de outubro, comemora-se o Dia Nacional do Livro. A data é celebrada desde 1966 e é uma referência à transferência da Real Biblioteca Portuguesa para o Rio de Janeiro, em 1810. Com um acervo de mais de 60 mil itens, que iam desde livros a manuscritos, moedas, mapas, etc, a biblioteca foi instalada, inicialmente, nas salas do Hospital da Ordem Terceira do Carmo, e transferida para o local definitivo em 29 de outubro de 1810, passando a ser considerada a data oficial de sua inauguração. A Real Biblioteca Portuguesa é considerada o embrião da atual Biblioteca Nacional.

Sendo considerado essencial no processo de evolução e desenvolvimento do indivíduo, o habito da leitura deve ser incentivado desde a infância. É através da leitura que desenvolvemos a capacidade crítica e criativa, bem como a linguagem e a comunicação. A história do livro remonta ao Japão, por volta do ano 770, onde foram encontrados os textos impressos mais antigos, com  orações budistas da época. Porém, vale lembrar que a China, desde o século II, já fabricava o papel e tinta, imprimindo seus textos através do mármore entalhado. O primeiro livro, tal como o concebemos hoje, apareceu primeiro na China em 868.

No Brasil, o movimento editorial surgiu a partir de 1808, quando D. João VI fundou a Imprensa Régia. “Marília de Dirceu”, de Tomás Antônio Gonzaga, foi o primeiro livro publicado em nosso país, em uma época em que a imprensa nacional sofria grande censura por parte do Imperador.   Porém, foi só na década de 1930 que o movimento editorial se intensificou, com a fundação da Companhia Editorial Nacional pelo escritor Monteiro Lobato.

Como conservar seus livros:

·        Evite tirar o livro da estante puxando pela borda superior da lombada. Isto danifica a encadernação. A forma correta de pegar é empurrando os volumes laterais, retirando o exemplar desejado pelo meio da lombada;

·        Evite folhear livros com as mãos sujas;

·        Evite fumar, beber ou comer nas bibliotecas ou mesmo em casa enquanto lê uma obra;

·        Contato permanente com a luz solar faz mal à saúde do livro;

·        Evite largar os livros dentro do carro;

·        Evite reproduzir livros frágeis ou muito antigos em copiadoras;

·        Evite apoiar os cotovelos sobre eles.

Dia do Funcionário Público

        28 de Outubro - Dia do Funcionário Público


No dia 28 de outubro comemora-se o dia do funcionário público. A data foi instituída no governo do presidente Getúlio Vargas, através da criação do Conselho Federal do Serviço Público Civil, em 1937.
Em 1938 foi fundado o Departamento Administrativo do Serviço Público do Brasil, onde esse tipo de serviço passou a ser mais utilizado.
As leis que regem os direitos e deveres dos funcionários que prestam serviços públicos estão no decreto nº 1.713, de 28 de outubro de 1939, motivo pelo qual é o dia da comemoração desse profissional.
Em 11 de dezembro de 1990, foi publicado o novo Estatuto dos Servidores Públicos Civis da União, das autarquias e das fundações públicas federais, a Lei nº8112, alterando várias disposições da antiga lei, porém os direitos e deveres desses servidores estão definidos e estabelecidos na Constituição Federal do Brasil, além dos estatutos das entidades em que trabalham.
Os serviços públicos estão divididos em classes hierárquicas, de acordo com os órgãos dos governos, que podem ser municipais, estaduais ou federais. Os serviços prestados podem ser de várias áreas de atuação, como da justiça, saúde, segurança, etc.
Para ser servidor público é preciso participar de concursos e ser aprovado no mesmo, garantindo assim a vaga enquanto profissional. O bom desse tipo de trabalho é que o servidor tem estabilidade, não pode ser dispensado de suas funções. Somente em casos extremos, em que se comprove a falta de idoneidade de um funcionário público, é que o mesmo é afastado de seu cargo.
Os salários dos funcionários públicos são pagos pelos cofres públicos, dependendo da localidade. Se for municipal, são pagos pelas prefeituras; se estadual, pelos governos estaduais; e se federal, pagos pelos cofres da União.
Os servidores públicos devem ser prestativos e educados, pois trabalham para atender a população civil de uma localidade. É comum vermos pessoas reclamarem dos serviços públicos, da falta de recursos dos mesmos, falta de profissionais para prestar os devidos atendimentos ou até mesmo por estes serem mal educados e ríspidos com a população. É bom enfatizar que esses profissionais lidam com o que é público, ou seja, aquilo que é de todas as pessoas. Portanto, ganham para prestar serviços a toda comunidade.
Por Jussara de Barros

Dia do Professor


15 de Outubro - Dia do Professor
Em 1963, o Decreto Federal nº 52.682 oficializava o 15 de Outubro como o Dia do Professor. No Brasil, segundo o Ministério da Educação, existem cerca de 1,5 milhão de professores. 

Este número, tão expressivo, dá bem a dimensão da importância desta profissão. Ainda assim, ela não tem a devida valorização. A cada ano vemos se repetirem as campanhas por reajustes salariais, reposição de perdas, melhores condições de trabalho e outras reivindicações.

Todas justas, se considerarmos que os professores são fundamentais para a construção de uma sociedade mais justa e solidária. Mais do que transmitir conhecimentos, os professores transmitem valores, ajudam a formar cidadãos e seres humanos éticos e dignos. Eles plantam a semente de um amanhã melhor.



                                                 

segunda-feira, 1 de outubro de 2012

Dia das Crianças


12 de Outubro - Dia das Crianças

A criação do Dia das Crianças no Brasil é muito antiga. Foi sugerida pelo deputado federal Galdino do Valle Filho, na década de 1920.
No entanto, como quase todas as datas comemorativas, só ganhou importância no calendário quando adquiriu um caráter comercial. Na década de 60, uma fábrica de brinquedos criou uma promoção para impulsionar as vendas, usando a data como pretexto.
Desde então, todo dia 12 de outubro, os pais correm atrás dos últimos lançamentos de brinquedos e jogos eletrônicos. E também as crianças ficam ansiosas, na expectativa de abrir seus presentes. 
Claro, crianças adoram brinquedos! Mas, nesta quinta nem todas as crianças vão viver essa emoção. Muitos meninos e meninas, que também assistem a desenhos, que também vêem comerciais, que também desejam estes brinquedos, nesta quinta não terão nenhum carrinho ou boneca para brincar. Não terão nenhum presente para abrir. 
Pensando nestas crianças o PortoWeb dá aqui a dica: neste Dia das Crianças, doe um brinquedo. Existem muitas entidades que cuidam de crianças carentes que vão adorar a sua visita. Confira alguns destes lugares! 

Dia mundial dos Animais


 04 de outubro - Dia Mundial dos Animais
O Dia mundial dos animais foi escolhido para ser celebrado em 4 de outubro, devido ao dia de São Francisco de Assis, festejado na mesma data. São Francisco é mundialmente conhecido como o santo patrono dos animais e do meio ambiente. 

Os animais estão protegidos por lei desde 1978, quando o projeto Declaração Universal dos Direitos dos Animais, proposto pelo cientista e Secretário Geral do Centro Internacional de Experimentação de Biologia Humana, foi aprovado pela UNESCO.

Para ajudá-los, basta cada cidadão fazer a sua parte. Quanto aos animais domésticos, devemos propiciar a eles uma vida digna, com alimentação adequada, abrigo, cuidados veterinários e afeto, controlando a natalidade, além de nunca os abandonar nas ruas, atitude que além de ser desumana, contribui para a superpopulação das espécies, disseminando doenças e outros malefícios.

Com relação aos animais silvestres, o homem não deve retirá-los de seu habitat natural, preservando os ecossistemas, sem despejar lixo nos mares, e combatendo a poluição e o desmatamento, pois isso contribui de forma direta para a extinção de muitas espécies. Outro grande problema é a caça desenfreada realizada pelo homem, também colaborando muito para a ameaça de extinção.

O maior motivo para a existência desta data comemorativa é alertar a todos sobre os direitos dos animais que compartilham o planeta Terra conosco e lembrar da importância da fauna para o equilíbrio ambiental dos habitats.

"Chegará o dia em que os homens conhecerão o íntimo dos animais, e, neste dia, todo o crime contra um animal será considerado um crime contra a humanidade".
Leonardo da Vinci (1452-1519)

Dia da Natureza


                        Dia da Natureza




No dia 4 de outubro comemora-se o dia da natureza. Chamamos de ambiente ou natureza o mundo no qual o homem vive e que existe independente das atividades do mesmo.
É tudo aquilo que não foi criado pelo homem, mas que constitui o universo, como rios, mares, plantas, florestas, animais, minerais e o próprio homem.
Com a evolução, construção das cidades, das facilidades da vida moderna, o homem passou a modificar a ordem natural da vida no planeta, prejudicando o equilíbrio do meio ambiente.
Agindo de forma predatória, tem destruído a natureza sem se preocupar com os prejuízos que sofrerá num futuro bem próximo.
São desmatamentos, queimadas, destruição da camada de ozônio, o efeito estufa, dentre vários outros problemas que tem causado a extinção de importantes espécies vegetais, além dos animais, prejudicando as cadeias em que os mesmos se utilizam para viver. Arara-azul, mico-leão-dourado, lobo-guará, tamanduá-bandeira e vários outros, são animais da fauna brasileira que são dificilmente encontrados.
É importante que o homem crie consciência ecológica, de que a degradação ambiental só trará malefícios para as gerações futuras.
No Brasil, a Secretaria Especial do Meio Ambiente tem desenvolvido projetos tentando conscientizar a população dos prejuízos causados pela degradação ambiental.
Mas em razão da vida moderna, o lixo nas grandes capitais do país tem aumentado em quantidades significativas e os aterros sanitários e lixões não mais os comportam.
A camada de ar que protege a Terra dos raios ultravioleta, a camada de ozônio, tem sido destruída pelo aumento dos meios de transporte que circulam no mundo, pela poluição advinda das indústrias, por queimadas, pelo uso excessivo de produtos sprays e produtos químicos. Isso ocasiona o aumento da temperatura da Terra, além de causar as chuvas ácidas, tufões, tsunamis, terremotos, etc., que provocam grandes problemas à humanidade.
O uso de materiais descartáveis, como os plásticos e outros, tem causado a morte de várias espécies animais por sufocamento. Tartarugas e gaivotas já foram encontradas mortas, pois tinham em seu estômago pedaços de sacolas plásticas, que engoliram ao confundir com alimentos.
Criar hábitos que favoreçam a natureza só trará benefícios. Não adianta ficarmos parados esperando grandes projetos dos governantes. Pelo contrário do que se pensa, é através de pequenas atitudes que podemos melhorar as condições do planeta, que nunca mais será o mesmo.
Evitar o uso de produtos descartáveis do tipo plástico, metais e vidros, usar sacolas ecológicas feitas de tecido ou carrinhos próprios para feira, não jogar lixos em lugares inapropriados, não jogar papéis de bala ou chicletes nas ruas, latas de cerveja e refrigerante nas estradas, etc., trará ao planeta uma condição melhor de sobrevivência tanto para os homens como para os animais.

segunda-feira, 24 de setembro de 2012

Dia do Trânsito

Dia do Trânsito

Comemora-se, no dia 25 de setembro, o dia nacional do trânsito.
De acordo com o artigo primeiro, § 1º da lei de trânsito em vigor no Brasil, “Considera-se trânsito a utilização das vias por pessoas, veículos e animais, isolados ou em grupos, conduzidos ou não, para fins de circulação, parada, estacionamento e operação de carga ou descarga.”
O trânsito é importante para a economia de um país, por interligar produções industriais ou naturais aos consumidores, através dos meios de transporte. Além disso, proporcionando o fluxo de pessoas para o trabalho, escola, médico, diversão, etc.
Pode ser dividido de acordo com as vias que utiliza, sendo terrestres, aéreas ou marítimas, todos controlados por uma legislação específica.
No trânsito, existem os órgãos especiais, que são responsáveis pelos diferentes setores, como: secretarias municipais de trânsito; DETRAN, COTRAN, etc., que são responsáveis pela sinalização e pela manutenção das condições de uso das vias públicas.
As sinalizações de trânsito são universais, adotando-se a mesma simbologia em todo o mundo, a fim de auxiliar os motoristas em suas viagens.
Nas vias terrestres de todo o território nacional, o tráfego é regulamentado pela Lei nº 9.503, que implantou o novo Código Nacional de Trânsito, entrando em vigor a partir de 1997.
Antes disso, as leis de trânsito estavam muito frouxas, pois o Código utilizado era de 1966, que já estava ultrapassado.
Devido ao aumento do número de carros, adquiridos pela população, passamos a enfrentar grandes movimentações nas cidades. Por ter uma lei que não punia casos graves de imprudência no trânsito, muitos motoristas adotaram um estilo violento de dirigir, causando sérios problemas, chegando a causar acidentes graves e mortes.
Com a adoção da nova lei as normas ficaram mais rígidas, exigindo-se uma postura mais ética do motorista, além de determinar fiscalização rigorosa no veículo – no ato do licenciamento do mesmo. Outro artigo importante da lei é quanto à aplicação de multas, com o sistema de pontuação na carteira do motorista, em consequência ao número de multas levadas.
A pontuação varia de acordo com o tipo de multa: quanto mais grave for a infração, maior o número de pontos ganhos. Com isso, o motorista que somar 20 pontos terá sua carteira apreendida, tendo que passar por um curso de educação para o trânsito, com orientação sobre segurança e manutenção da qualidade no trânsito.
São várias as infrações, mas as consideradas mais graves são: dirigir sem a carteira de habilitação, dirigir com velocidade excessiva à determinada, dirigir após o consumo de bebida alcoólica, todas consideradas gravíssimas. Além dessas, as infrações também são classificadas em graves, médias e leves, tendo cada uma a pontuação específica.
Segundo a Lei, a educação para o trânsito deve ser adotada nas escolas, desde as séries iniciais, a educação infantil, transcorrendo pelo ensino fundamental, ensino médio e ensino superior, a fim de educar os cidadãos fazendo-se um trabalho de conscientização dos mesmos.

Dia do rádio e da radiodifusão


25 de Setembro - Dia do Rádio e da Radiodifusão

A primeira emissora de rádio no Brasil, foi fundada em 20 de abril de 1923, tendo como fundador Edgar Roquete Pinto, na Academia Brasileira de Ciências, a Rádio Sociedade do Rio de Janeiro com o prefixo PRA-A. Logo depois veio a Rádio Clube do Brasil PRA-B, fundada por Elba Dias.
Em São Paulo/SP a primeira Emissora foi a EDUCADORA PAULISTA, fundada em 1924 e em Belo Horizonte a primeira rádio foi a RÁDIO MINEIRA fundada em 30 de maio de 1936. Hoje, lamentavelmente fora do ar. Mas, a primeira transmissão do Rádio foi no dia 07 de setembro de 1922, durante a exposição comemorativa do centenário da independência.
O discurso do então Presidente da República, Epitácio pessoa, além de ser ouvido no recinto da exposição, chegou também em Niterói, Petrópolis e São Paulo, graças à instalação de uma retransmissora no Corcovado e de aparelhos de recepção nesses locais. Hoje são milhares de rádios espalhadas pelo país, levando alegria , entretenimento e informação para um Brasil de audiência, e principalmente ao ouvinte que sempre fez do Rádio, seu grande companheiro. Dia 25 de setembro, Dia do Rádio.
Sobre o Radialista Na época, quando fundou a primeira emissora de Rádio do Brasil, não existiam escolas para formação de Radialistas. Foram os Radiamadores os primeiros locutores, por já possuírem experiência com microfones. Uma característica era fazer uma programação cultural, que consistia em música Erudita, conferência e palestras que não interessavam ao ouvinte.
Na Era do Rádio, o grande astro era "Vital Fernandes da Silva", o "Nhõ Totico", que permaneceu no ar por 30 anos. O mais incrível é que nesta época ele apresentava dois programas ao vivo e totalmente improvisado. Nos dias de hoje, com um ouvinte mais exigente, o radialista precisa de muita técnica e ter um padrão que se identifique com cada emissora.
Mas o ponto em comum entre eles tem que ser o carisma. Dentro de cada Radialista existe um inexplicável sentimento de dedicação e o interesse pelo que faz. Só o idealismo não é o suficiente, existe a necessidade do talento. Com milhares de bons Radialistas espalhados pelo Brasil, o Rádio é hoje rico.
Oferecendo boas opções para aquele que merece todo o nosso respeito. O ouvinte. O Radialista é um sonhador, um apaixonado que faz parte do cotidiano das pessoas.

sexta-feira, 21 de setembro de 2012

 aqui está o  resumo do livro A cabana  leitura online


aqui esta o link para quem quiser ler o livro inteiro no modo flipSnack :
http://share.snacktools.com/56B7DEF569B/fzcfw9ik

leitura online


A cabana pg 76 a pg 108


— Agente? Você está aí?
— Sim, estou. - De repente a voz pareceu cansada e
oca. — Ei, Dalton, há algum lugar isolado onde você
e eu possamos conversar?
Mack assentiu com ênfase e Dalton captou a
mensagem.
— Espere um segundo. - Pousou o saco com o
broche e saiu da área, permitindo que Mack o
seguisse.
— Pronto, agora estou sozinho. Pode me dizer o que
é.
— Estamos tentando pegar esse cara há quase quatro
anos, perseguindo-o em mais de nove estados.
Recebeu o apelido de Matador de Meninas, mas
nunca repassamos o detalhe da joaninha para
ninguém, portanto mantenha isso em segredo.
Acreditamos que ele seja responsável pelo seqüestro
e morte de pelo menos quatro crianças até agora,
todas meninas, todas com menos de 10 anos. A cada
vez ele acrescenta um ponto à joaninha, de modo que
esta seria a de número cinco. Ele sempre deixa os
broches em algum lugar da área do seqüestro, todos
têm o mesmo número de modelo, mas não
􀀤􀀃􀀦􀁄􀁅􀁄􀁑􀁄􀀏􀀃􀁅􀁜􀀃􀀺􀁌􀁏􀁏􀁌􀁄􀁐􀀃􀀳􀀑􀀃􀀼􀁒􀁘􀁑􀁊 􀀚􀀙
conseguimos descobrir de onde eles vieram
originalmente nem encontrar o corpo de nenhuma
das quatro meninas, mas temos bons motivos para
acreditar que nenhuma delas sobreviveu. Todos os
crimes aconteceram em camping ou próximo de
camping, perto de um parque estadual ou uma
reserva. O criminoso parece se mover com habilidade
em florestas e montanhas. Não nos deixou, em todos
os casos, absolutamente nada além do broche.
— E o carro? Temos uma descrição bastante boa da
picape verde em que ele fugiu.
— Ah, vocês provavelmente vão encontrá-la. Se for
o nosso cara deve tê-la roubado há um ou dois dias,
repintado, enchido de equipamento para caminhadas,
e ela vai estar totalmente limpa.
Enquanto ouvia a conversa de Dalton com a agente
especial, Mack sentiu o resto de esperança se esvair.
Sentou-se frouxo no chão e enterrou o rosto nas
mãos. Pela primeira vez desde o desaparecimento de
Missy permitiu-se considerar o alcance das
possibilidades mais horrendas e, assim que isso
começou, não parou mais: imagens de coisas boas e
coisas terríveis misturadas num desfile apavorante.
Algumas eram instantâneos abomináveis de tortura e
􀀤􀀃􀀦􀁄􀁅􀁄􀁑􀁄􀀏􀀃􀁅􀁜􀀃􀀺􀁌􀁏􀁏􀁌􀁄􀁐􀀃􀀳􀀑􀀃􀀼􀁒􀁘􀁑􀁊 􀀚􀀚
dor, de monstros e demônios da escuridão mais
profunda, com dedos de arame farpado e toques de
navalha, de Missy gritando pelo pai e
ninguém respondendo. Misturados com esses
horrores havia lampejos de outras lembranças: a
menina aprendendo a andar, com o rosto lambuzado
de bolo de chocolate, fazendo caretinhas engraçadas.
Sobrepunha-se a todas a imagem tão recente de
Missy caindo no sono, aninhada no colo do pai.
Imagens implacáveis. O que ele diria a Nan? Como
isso podia ter acontecido? Deus, como isso podia ter
acontecido?
Algumas horas depois, Mack e seus dois filhos foram
de carro para o hotel, em Joseph. Os proprietários
haviam lhe oferecido um quarto e, enquanto ele
arrumava sua bagagem, a exaustão e o desespero
começaram a dominá-lo. O policial Dalton levara
seus filhos a uma lanchonete. Agora, sentado na
beira da cama, Mack dava vazão a todo o seu
sofrimento. Soluços e gemidos de rasgar a alma
saíam do âmago de seu ser, e foi assim que Nan o
encontrou. Dois seres feridos que se abraçaram e
choraram desconsoladamente.
Naquela noite, Mack dormiu aos sobressaltos, pois as
􀀤􀀃􀀦􀁄􀁅􀁄􀁑􀁄􀀏􀀃􀁅􀁜􀀃􀀺􀁌􀁏􀁏􀁌􀁄􀁐􀀃􀀳􀀑􀀃􀀼􀁒􀁘􀁑􀁊 􀀚􀀛
imagens continuavam a golpeá-lo como ondas
implacáveis contra um litoral rochoso. Pouco antes
do nascer do sol, por fim desistiu. Vivera em só dia
anos de emoções e agora sentia-se entorpecido, à
deriva num mundo subitamente sem significado.
Depois de protestos consideráveis de Nan,
concordaram que seria melhor ela ir para casa com
Josh e Kate. Mack ficaria para ajudar como pudesse.
Simplesmente não conseguiria ir embora, pensando
que Missy talvez estivesse por perto, precisando dele.
A notícia se espalhara rapidamente e amigos
começaram a chegar para ajudá-lo. Criou-se uma
forte rede de solidariedade, todos os conhecidos
rezando para que Missy fosse encontrada. Jesse e
Sarah, Emil e Vicky permaneceram o tempo todo,
desdobrando-se em cuidados.
Repórteres com seus fotógrafos começaram a
aparecer durante a manhã. Mack não queria enfrentálos,
mas acabou respondendo às perguntas na
esperança de que a divulgação pudesse ajudar na
busca.
Quando ficou evidente que a necessidade de ajuda
estava diminuindo, os Madison desmontaram seu
acampamento e vieram despedir-se. Choraram muito,
􀀤􀀃􀀦􀁄􀁅􀁄􀁑􀁄􀀏􀀃􀁅􀁜􀀃􀀺􀁌􀁏􀁏􀁌􀁄􀁐􀀃􀀳􀀑􀀃􀀼􀁒􀁘􀁑􀁊 􀀚􀀜
abraçaram-se longamente e colocaram-se à
disposição para o que fosse necessário. Vicky
Ducette também partiu, mas Emil permaneceu para
dar apoio a Mack. Em meio a toda a tristeza, Kate
manteve-se firme, enviando e recebendo e-mails para
que se mantivessem em comunicação permanente.
Ao meio-dia todas as famílias estavam na estrada.
Maryanne levou Nan e as crianças para casa, onde os
parentes estariam esperando. Mack e Emil
foram com o policial Dalton, que passaram a chamar
de Tommy, para Joseph, onde se dirigiram à
delegacia.
Agora vinha a parte mais difícil: a espera. Mack
sentia que estava andando em câmara lenta dentro do
olho de um furacão o grupo do FBI chegou ao meio
da tarde e logo ficou claro que a pessoa encarregada
era a agente especial Wikowsky, uma mulher
pequena e magra cheia de energia, de quem Mack
gostou no mesmo instante. Ela permitiu que ele
participasse de todas as providências e informes.
Depois de estabelecer o centro de comando no hotel,
o FBI pediu a Mack uma entrevista formal. A agente
Wikowsky levantou-se de trás da mesa onde estava
trabalhando e estendeu a mão. Quando Mack ia
􀀤􀀃􀀦􀁄􀁅􀁄􀁑􀁄􀀏􀀃􀁅􀁜􀀃􀀺􀁌􀁏􀁏􀁌􀁄􀁐􀀃􀀳􀀑􀀃􀀼􀁒􀁘􀁑􀁊 􀀛􀀓
apertá-la, a agente envolveu as mãos dele com as
suas e sorriu afetuosamente.
— Senhor Phillips, peço desculpas por não lhe ter
dado até agora a atenção que merece. Estamos
vivendo uma turbulência, estabelecendo
comunicações com todas as agências policiais
envolvidas na tentativa de resgatar Missy. Lamento
muito que tenhamos nos conhecido nessas
circunstâncias.
Mack suspirou fundo.
— Por favor, me chame de Mack.
— Bem, então me chame de Sam, que é a forma
abreviada de
Samantha.
Mack relaxou um pouco na cadeira, vendo-a
examinar rapidamente
algumas pastas cheias de papéis.
— Mack, está disposto a responder a algumas
perguntas? - ela
perguntou sem levantar a cabeça.
— Farei o máximo possível - ele afirmou, aliviado
pela oportunidade de
􀀤􀀃􀀦􀁄􀁅􀁄􀁑􀁄􀀏􀀃􀁅􀁜􀀃􀀺􀁌􀁏􀁏􀁌􀁄􀁐􀀃􀀳􀀑􀀃􀀼􀁒􀁘􀁑􀁊 􀀛􀀔
fazer alguma coisa.
— Bom! Não vou obrigá-lo a repassar todos os
detalhes. Estou com os
relatórios sobre tudo o que você já contou, mas tenho
umas coisas importantes para examinarmos juntos. -
Ela o olhou nos olhos.
— Qualquer coisa que eu possa fazer para ajudar -
concordou Mack. — No momento estou me sentindo
bastante impotente.
— Mack, entendo como você se sente, mas sua
presença é importante. E, acredite, todos aqui estão
dispostos a fazer o máximo possível para resgatar
Missy.
— Obrigado - foi tudo que Mack conseguiu dizer,
olhando para o chão. As emoções pareciam à flor da
pele e qualquer gesto de gentileza abria as comportas
para as lágrimas saírem.
— Mack - ela continuou -, você notou alguma coisa
estranha ao redor de sua família nestes últimos dias?
Mack ficou surpreso e se recostou na cadeira.
— Quer dizer que ele estava nos rondando?
— Não, ele parece escolher as vítimas ao acaso, mas
􀀤􀀃􀀦􀁄􀁅􀁄􀁑􀁄􀀏􀀃􀁅􀁜􀀃􀀺􀁌􀁏􀁏􀁌􀁄􀁐􀀃􀀳􀀑􀀃􀀼􀁒􀁘􀁑􀁊 􀀛􀀕
todas eram mais
ou menos da idade da sua filha, com cor de cabelo
semelhante. Achamos que ele as descobre um ou
dois dias antes e espera, vigiando de perto até
encontrar o momento oportuno. Você viu alguém
estranho próximo do lago? Talvez junto aos
banheiros? - Mack se encolheu ao pensar que seus
filhos estariam sendo vigiados. Esquadrinhou a
mente, mas não descobriu nada.
— Desculpe, não consigo lembrar...
— Você parou em algum lugar enquanto ia para o
camping ou notou alguém estranho quando estava
fazendo caminhadas?
— Nós paramos na cachoeira Multnomah, vindo
para cá, e estivemos em toda a região nos últimos três
dias, mas não me lembro de ter visto ninguém que
parecesse estranho. Quem pensaria...
— Exatamente, Mack, tenha paciência. Algo pode
voltar à sua mente mais tarde. Mesmo que pareça
pequeno ou irrelevante, por favor, nos conte. - Ela
olhou outro papel na mesa. - Que tal uma picape
verde-oliva? Você notou algo assim enquanto estava
􀀤􀀃􀀦􀁄􀁅􀁄􀁑􀁄􀀏􀀃􀁅􀁜􀀃􀀺􀁌􀁏􀁏􀁌􀁄􀁐􀀃􀀳􀀑􀀃􀀼􀁒􀁘􀁑􀁊 􀀛􀀖
por aqui?
Mack revirou a memória.
— Realmente não me lembro de ter visto nada do
tipo.
A agente especial Wikowsky continuou a interrogar
Mack durante os 15
minutos seguintes, mas não conseguiu despertar a
memória dele o suficiente para descobrir algo útil.
Por fim, fechou o caderno e se levan-tou estendendo
a mão.
— Mack, mais uma vez, lamento o que aconteceu
com Missy. Se descobrirmos alguma coisa, eu o
informarei imediatamente.
Às cinco da tarde finalmente chegou o primeiro
informe promissor e a agente Wikowsky colocou
Mack imediatamente a par. Dois casais haviam
passado por uma picape verde-oliva que
correspondia à descrição do veículo que estavam
procurando. Eles estavam em um trecho estreito da
estrada e tiveram que dar marcha à ré até um lugar
mais largo para permitir a passagem da picape.
Notaram que na carroceria havia várias latas de
gasolina, além de uma boa quantidade de material de
acampamento. Estranharam que o motorista tivesse
􀀤􀀃􀀦􀁄􀁅􀁄􀁑􀁄􀀏􀀃􀁅􀁜􀀃􀀺􀁌􀁏􀁏􀁌􀁄􀁐􀀃􀀳􀀑􀀃􀀼􀁒􀁘􀁑􀁊 􀀛􀀗
se curvado na direção do carona, como se procurasse
alguma coisa no chão, e estivesse usando um casaco
pesado num dia tão quente. Acharam graça daquilo e
seguiram em frente.
Quando essa notícia chegou, a tensão aumentou na
delegacia. Tudo que haviam descoberto até agora se
encaixava no modo de agir do Matador de Meninas,
e Mack foi informado.
Com a noite se aproximando rapidamente, iniciou-se
uma discussão sobre a melhor alternativa: fazer uma
perseguição imediata ou esperar até a manhã seguinte
logo ao nascer do dia. Todos pareciam
profundamente afetados com a situação.
De pé nos fundos da sala, Mack ouvia com
impaciência a discussão, aflito para que se tomasse
logo uma providência. Seu desejo era chamar
Tommy e ir pessoalmente atrás do assassino. Era
como se cada minuto contasse.
Depois de um tempo que pareceu excessivamente
longo para Mack, todos concordaram em dar início à
perseguição. Mack ligou rapidamente para falar com
Nan e partiu com Tommy.
Agora só lhe restava rezar: Santo Deus, por favor,
􀀤􀀃􀀦􀁄􀁅􀁄􀁑􀁄􀀏􀀃􀁅􀁜􀀃􀀺􀁌􀁏􀁏􀁌􀁄􀁐􀀃􀀳􀀑􀀃􀀼􀁒􀁘􀁑􀁊 􀀛􀀘
por favor, por favor, cuide da minha Missy, proteja-a,
não deixe que nada de mal lhe aconteça.
Lágrimas desciam por seu rosto e molhavam a
camisa.
Por volta das 7 horas, o comboio de radiopatrulhas,
utilitários do FBI, picapes com cães e alguns veículos
da Guarda Florestal seguiu pela auto- estrada até
entrar na Reserva.
Mack ficou satisfeito por viajar com alguém que
conhecia a área. As estradas, com freqüentes curvas
estreitas beirando precipícios, ficavam ainda mais
traiçoeiras na escuridão da noite. A velocidade foi
diminuindo até parecer que estavam se arrastando.
Por fim, passaram pelo ponto onde a picape verde
tinha sido vista pela última vez e um quilômetro e
meio depois chegaram a uma bifurcação. Ali, como
fora planejado, a caravana se dividiu em duas, com
um pequeno grupo indo para o norte com a agente
especial Wikowsky e os demais, inclusive Mack,
Emil e Tommy, indo na direção sudeste. Alguns
quilômetros difíceis mais tarde esse grupo se dividiu
outra vez, e nesse ponto os esforços de busca ficaram
ainda mais lentos. Agora os rastreadores estavam a
pé, apoiados por luzes fortes, enquanto procuravam
􀀤􀀃􀀦􀁄􀁅􀁄􀁑􀁄􀀏􀀃􀁅􀁜􀀃􀀺􀁌􀁏􀁏􀁌􀁄􀁐􀀃􀀳􀀑􀀃􀀼􀁒􀁘􀁑􀁊 􀀛􀀙
sinais de atividade recente nas estradas.
Quase duas horas mais tarde, Tommy recebeu um
chamado de Wikowsky. A cerca de 15 quilômetros
da bifurcação onde tinham se se- parado, uma estrada
antiga e sem nome saía da principal. Era praticamente
impossível de se ver no escuro e cheia de buracos.
Eles a teriam ignorado se a luz de um dos
rastreadores não tivesse se refletido numa calota de
veículo. Debaixo do pó da estrada havia manchas de
tinta verde. A calota
provavelmente fora perdida quando a picape passou
por um dos muitos buracos enormes do caminho.
O grupo de Tommy voltou imediatamente. O
coração de Mack batia aceleradamente com um
começo de esperança. Talvez, por algum mila-gre,
Missy ainda estivesse viva. Vinte minutos depois,
outra ligação de Wikowsky informava que haviam
encontrado a picape debaixo de uma engenhosa
armação de galhos e arbustos.
A equipe de Mack levou quase três horas para
alcançar a primeira equipe e, nesse ponto, tudo estava
acabado. Os cães haviam descoberto uma trilha de
caça que descia por cerca de um quilômetro e meio
até um pequeno vale oculto. Ali encontraram uma
􀀤􀀃􀀦􀁄􀁅􀁄􀁑􀁄􀀏􀀃􀁅􀁜􀀃􀀺􀁌􀁏􀁏􀁌􀁄􀁐􀀃􀀳􀀑􀀃􀀼􀁒􀁘􀁑􀁊 􀀛􀀚
cabana em ruínas à beira de um lago límpido
alimentado por um riacho cascateante. Cerca de um
século antes aquilo fora provavelmente à casa de um
colono, mas desde então provavelmente servia só
como abrigo para algum caçador ocasional.
Quando Mack e seus amigos chegaram, o céu estava
começando a clarear. Um acampamento-base fora
montado a certa distância da pe-quena cabana para
preservar a cena do crime. Todos se reuniram e
começaram a planejar a estratégia do dia.
A agente especial Samantha Wikowsky estava
sentada diante de uma mesa dobrável examinando
mapas quando Mack apareceu. Seus olhos
expressavam tristeza e ternura, mas suas palavras
foram totalmente profissionais.
— Mack, nós encontramos uma coisa, mas não é
boa.
Ele procurou as palavras certas.
— Encontraram Missy? - Ele temia terrivelmente a
resposta, mas estava
desesperado para ouvi-la.
— Não, não encontramos. - Sam parou e começou a
se levantar. —
􀀤􀀃􀀦􀁄􀁅􀁄􀁑􀁄􀀏􀀃􀁅􀁜􀀃􀀺􀁌􀁏􀁏􀁌􀁄􀁐􀀃􀀳􀀑􀀃􀀼􀁒􀁘􀁑􀁊 􀀛􀀛
Mas preciso que você identifique uma coisa que
encontramos na cabana. Preciso saber se era... - ela
se conteve, mas já falara no passado. — Quero dizer,
se é dela.
Mack sentiu que sua represa interna estava prestes a
arrebentar. — Vamos ver isso agora - murmurou
baixinho. — Quero resolver logo.
Mack sentiu Emil e Tommy segurando seus braços
enquanto seguiam a agente especial pelo curto
caminho até a cabana. Três homens adultos, de
braços dados numa solidariedade especial, andando
juntos em direção ao seu pior pesadelo.
Um membro da equipe de perícia abriu a porta da
cabana para deixá-los entrar. Refletores alimentados
por um gerador iluminavam cada parte da sala.
Havia prateleiras nas paredes, uma mesa velha,
algumas cadeiras e um sofá. Mack viu imediatamente
o que viera identificar. Virando-se, desmoronou nos
braços dos dois amigos e começou a chorar
incontrolavelmente. No chão, perto da lareira, estava
o vestido vermelho de Missy, rasgado e encharcado
de sangue.
Para Mack, os dias e semanas seguintes se tornaram
􀀤􀀃􀀦􀁄􀁅􀁄􀁑􀁄􀀏􀀃􀁅􀁜􀀃􀀺􀁌􀁏􀁏􀁌􀁄􀁐􀀃􀀳􀀑􀀃􀀼􀁒􀁘􀁑􀁊 􀀛􀀜
um borrão de entrevistas que entorpeciam as
emoções. Por fim, um funeral dedicado a Missy, com
um pequeno caixão vazio e um desfile interminável
de rostos tristes, ninguém sabendo o que dizer. Em
algum momento, nas semanas que se seguiram, Mack
iniciou o lento e doloroso reencontro com a vida
cotidiana.
Aparentemente o Matador de Meninas recebera o
crédito pela quinta vítima, Melissa Anne Phillips.
Assim como nos outros quatro casos, as autoridades
não encontraram o corpo da vítima, embora grupos
de busca tivessem revirado a floresta durante dias.
Como em todas as outras situações, o matador não
deixara nenhuma pista que pudesse ser seguida, só o
broche. Era como se estivessem lidando com um
fantasma.
Em algum ponto do processo, Mack procurou
emergir da dor e do sofrimento, pelo menos com sua
família. Eles haviam perdido uma irmã e uma filha e
seria terrível também perderem um pai e um ma-rido.
Ainda que todos tivessem sido profundamente
golpeados pela tragédia, Kate parecia a mais afetada,
escondendo-se numa casca como uma tartaruga para
se proteger de algo potencialmente perigoso. Mack e
Nan preocupavam-se cada vez mais com ela, mas
􀀤􀀃􀀦􀁄􀁅􀁄􀁑􀁄􀀏􀀃􀁅􀁜􀀃􀀺􀁌􀁏􀁏􀁌􀁄􀁐􀀃􀀳􀀑􀀃􀀼􀁒􀁘􀁑􀁊 􀀜􀀓
não conseguiam encontrar as palavras adequadas
para penetrar na fortaleza que a garota estava
construindo ao redor de si. As tentativas de conversa
se trans-formavam em monólogos, como se algo
tivesse morrido dentro dela e agora a estivesse
corroendo lentamente por dentro, derramando- se às
vezes em palavras amargas ou num silêncio
deprimido.
Josh se comunicava freqüentemente com Amber, o
que o ajudava a extravasar a dor. Além disso, estava
bastante ocupado preparando-se para a formatura no
ensino médio.
A Grande Tristeza havia baixado como uma nuvem
e, em graus diferentes, cobria todos os que tinham
conhecido Missy. Mack e Nan en- frentavam juntos
o tormento da perda, sentindo-se mais próximos do
que nunca. Nan repetia seguidamente que não
culpava de modo algum Mack pelo que acontecera.
Mack, porém, levou muito mais tempo para se livrar
de todos os "se" que o levavam ao desespero. Se ele
tivesse decidido não levar as crianças naquela
viagem; se tivesse recusado quando elas pediram
para usar a canoa; se
tivesse ido embora à véspera; se, se, se. Não ter
􀀤􀀃􀀦􀁄􀁅􀁄􀁑􀁄􀀏􀀃􀁅􀁜􀀃􀀺􀁌􀁏􀁏􀁌􀁄􀁐􀀃􀀳􀀑􀀃􀀼􀁒􀁘􀁑􀁊 􀀜􀀔
podido enter-rar o corpo de Missy ampliava seu
fracasso como pai. O fato de ela ainda estar em
algum lugar, sozinha na floresta, assombrava-o todos
os dias. Agora, três anos e meio depois, Missy era
considerada oficialmente vítima de assassinato. A
vida nunca mais seria a mesma. A ausência de Missy
criava um vazio absurdo.
A tragédia também havia aumentado a fenda no
relacionamento de Mack com Deus, mas ele não se
dava conta dessa separação crescente. Em vez disso,
tentava abraçar uma fé estóica e desprovida de
sentimen-tos que lhe trazia algum conforto e paz,
porém não eliminava os pesa-delos em que se via
com os pés presos na lama e sem voz para dar os
gritos que salvariam sua preciosa Missy. Aos poucos
os pesadelos foram se tornando menos freqüentes e
os momentos de alegria começaram a despontar,
fazendo Mack sentir-se culpado.
Assim, receber o bilhete assinado Papai, dizendo
para encontrá-lo na cabana, causou-lhe um profundo
impacto. Será que Deus escreve bilhetes? E por que
na cabana - o ícone de sua dor mais profunda?
Certamente Deus teria lugares melhores onde se
encontrar com ele. Um pensamento sombrio chegou
a atravessar sua mente: o assassino o estaria
􀀤􀀃􀀦􀁄􀁅􀁄􀁑􀁄􀀏􀀃􀁅􀁜􀀃􀀺􀁌􀁏􀁏􀁌􀁄􀁐􀀃􀀳􀀑􀀃􀀼􀁒􀁘􀁑􀁊 􀀜􀀕
provocando ou atraindo para longe com a intenção
de deixar sua família desprotegida. Talvez fosse
somente uma brincadeira cruel. Mas por que estava
assinado "Papai"?
Por mais irracional que parecesse, Mack não
conseguia deixar de pensar que talvez o bilhete
viesse mesmo de Deus. Quanto mais pensava, mais
confuso e irritado ia ficando. Quem havia mandado a
porcaria do bilhete? Fosse quem fosse, Mack tinha a
sensação de que estavam brincando com ele. E, de
qualquer modo, de que adiantava?
Mas, apesar da raiva e da depressão, Mack sabia que
precisava de respostas. Percebeu que estava travado e
que as orações e os hinos dos domingos não serviam
mais, se é que já haviam servido. A espiritualidade
do claustro não parecia mudar nada na vida das
pessoas que ele conhecia, a não ser, talvez, na de
Nan. Mas ela era especial. Mack estava farto de Deus
e da religião, farto de todos os pequenos clubes
sociais religiosos que não pareciam fazer nenhuma
diferença expressiva nem provocar qualquer
mudança real. Mack certamente desejava mais.
Porém não sabia que estava a ponto de conseguir
muito mais do que havia pedido.
􀀤􀀃􀀦􀁄􀁅􀁄􀁑􀁄􀀏􀀃􀁅􀁜􀀃􀀺􀁌􀁏􀁏􀁌􀁄􀁐􀀃􀀳􀀑􀀃􀀼􀁒􀁘􀁑􀁊 􀀜􀀖
ADIVINHE QUEM VEM PARA JANTAR
Rotineiramente desqualificamos testemunhos e
exigimos comprovação. Isto é, estamos tão
convencidos da justeza de nosso julgamento que
invalidamos provas que não se ajustem a ele. Nada
que mereça ser chamado de verdade pode ser
alcançado por esses meios. - Marilynne Robinson,
The Death of Adam
Há ocasiões em que optamos por acreditar em algo
que normalmente seria considerado absolutamente
irracional. Isso não significa que seja mesmo
irracional, mas certamente não é racional. Talvez
exista a supra-racionalidade: a razão além das
definições normais dos fatos ou da lógica baseada em
dados. Algo que só faz sentido se você puder ver
uma imagem maior da realidade. Talvez seja aí que a
fé se encaixe.
Mack não tinha certeza de um monte de coisas, mas
em algum mo- mento em seu coração e em sua
mente, nos dias que se seguiram à nevasca, ele se
convenceu de que havia três explicações plausíveis
para o bilhete. Podia ser de Deus, por mais absurdo
que isso parecesse, podia ser uma piada cruel ou algo
mais sinistro vindo do assassino de Missy.
􀀤􀀃􀀦􀁄􀁅􀁄􀁑􀁄􀀏􀀃􀁅􀁜􀀃􀀺􀁌􀁏􀁏􀁌􀁄􀁐􀀃􀀳􀀑􀀃􀀼􀁒􀁘􀁑􀁊 􀀜􀀗
Independentemente de qualquer coisa, o bilhete
dominava seus pensa-mentos dia e noite.
Secretamente começou a fazer planos para viajar até
a cabana no fim de semana seguinte. A princípio não
falou com ninguém, nem mesmo com Nan, achando
que uma conversa assim só traria mais dor. "Estou
mantendo segredo por causa de Nan", dizia a si
mesmo. Além disso, falar do bilhete seria admitir que
guardasse segredos. Algumas vezes a honestidade
pode ser incrivelmente complicada.
Decidido a empreender a viagem, Mack começou a
pensar em modos de afastar a família de casa durante
o fim de semana sem levantar suspeitas. Felizmente
foi a própria Nan quem ofereceu a solução. Ela
estivera pensando em visitar a família da irmã nas
ilhas Sam Juan, no litoral de Washington. Seu
cunhado era psicólogo infantil e Nan achava que
poderia ser útil conversar com ele sobre o
comportamento cada vez mais fechado de Kate.
Quando ela levantou a possibilidade da viagem,
Mack reagiu quase ansioso demais.
— Claro que vocês vão - ele afirmou imediatamente.
Não era a resposta que ela havia previsto e Nan lhe
lançou um olhar interrogativo. — Quero dizer -
􀀤􀀃􀀦􀁄􀁅􀁄􀁑􀁄􀀏􀀃􀁅􀁜􀀃􀀺􀁌􀁏􀁏􀁌􀁄􀁐􀀃􀀳􀀑􀀃􀀼􀁒􀁘􀁑􀁊 􀀜􀀘
consertou ele, sem jeito -, é uma idéia fantástica. Vou
sentir falta de vocês, claro, mas acho que posso
sobreviver sozinho uns dois dias e, de
qualquer modo, tenho um monte de coisas para fazer.
- Ela deu de ombros, talvez grata porque o caminho
para a viagem tivesse se aberto com tanta facilidade.
Bastou um rápido telefonema à irmã de Nan e a
viagem foi acertada. Logo a casa virou um turbilhão
de atividades. Josh e Kate ficaram deliciados com a
perspectiva de visitar os primos e compraram fácil a
idéia.
Disfarçadamente, Mack telefonou para seu amigo
Willie pedindo seu jipe emprestado. O pedido
estranho, como era de se prever, provocou um
tiroteio de perguntas que Mack tentou responder do
modo mais evasivo possível. Terminou dizendo que
explicaria tudo quando Willie aparecesse para trocar
os veículos.
No fim da tarde de quinta-feira, depois de despedir-se
de Nan, Kate e Josh, Mack começou a preparar-se
para a longa viagem ao Nordeste do Oregon - o local
de seus pesadelos. Sem dúvida havia a possibili-dade
de ter se transformado num idiota completo ou de
estar sendo vítima de uma brincadeira de mau gosto,
􀀤􀀃􀀦􀁄􀁅􀁄􀁑􀁄􀀏􀀃􀁅􀁜􀀃􀀺􀁌􀁏􀁏􀁌􀁄􀁐􀀃􀀳􀀑􀀃􀀼􀁒􀁘􀁑􀁊 􀀜􀀙
mas nesse caso ficaria livre para simplesmente ir
embora. Uma batida na porta arrancou-o de sua
concentração e ele viu que era Willie.
— Estou aqui na cozinha - gritou.
Um instante depois Willie apontou a cabeça pela
porta do corredor.
— Bom, eu trouxe o jipe e o tanque está cheio, mas
só vou entregar a
chave quando você contar exatamente o que está
acontecendo.
Mack continuou enfiando coisas em dois sacos de
viagem. Sabia que
não adiantava mentir para o amigo.
— Vou voltar à cabana, Willie.
— Bom, eu já tinha imaginado. O que quero saber é
por que você
pretende voltar lá. Não sei se o meu velho jipe vai
dar conta do recado, mas, como garantia, coloquei
umas correntes atrás para o caso de precisarmos.
Sem olhar para ele, Mack foi até o escritório, tirou a
tampa de uma lata pequena e pegou o bilhete.
Voltando à cozinha, entregou-o ao amigo. Willie
􀀤􀀃􀀦􀁄􀁅􀁄􀁑􀁄􀀏􀀃􀁅􀁜􀀃􀀺􀁌􀁏􀁏􀁌􀁄􀁐􀀃􀀳􀀑􀀃􀀼􀁒􀁘􀁑􀁊 􀀜􀀚
desdobrou o papel e leu em silêncio.
— Nossa, que tipo de maluco escreveria uma coisa
assim? E quem é esse tal de Papai?
— Bom, você sabe, Papai é o nome que Nan usa
para Deus. Mack pegou o bilhete de volta e o enfiou
no bolso da camisa.
— Espera, você está achando mesmo que isso veio
de Deus?
— Willie, não sei o que pensar disso. Quer dizer, a
princípio achei que era apenas uma brincadeira de
mau gosto e fiquei com raiva. Sei que pa-rece
loucura, mas de algum modo me sinto estranhamente
tentado a descobrir. Tenho de ir, Willie, ou isso vai
me deixar maluco para sempre.
— Já pensou na possibilidade de ser o assassino? E
se ele estiver atrain- do você para lá por algum
motivo?
— Claro que pensei. Parte de mim não ficaria
desapontada com isso. Tenho contas a acertar com
ele - disse sério e fez uma pausa. — Mas também não
faz muito sentido. Não acho que o assassino saiba
􀀤􀀃􀀦􀁄􀁅􀁄􀁑􀁄􀀏􀀃􀁅􀁜􀀃􀀺􀁌􀁏􀁏􀁌􀁄􀁐􀀃􀀳􀀑􀀃􀀼􀁒􀁘􀁑􀁊 􀀜􀀛
que "Papai" é um termo usado em nossa família.
Willie ficou perplexo e Mack prosseguiu:
— E nenhum amigo nosso mandaria um bilhete
desses. Estou pensando que só Deus faria isso...
Talvez.
— Mas Deus não faz coisas assim. Pelo menos
nunca ouvi falar que ele tivesse mandado um bilhete
a alguém. E por que ele desejaria que você retornasse
à cabana? Não consigo pensar num lugar pior...
Pairou um silêncio incômodo entre os dois. Mack
falou:
— Não sei, Willie. Acho que parte de mim gostaria
de acreditar que Deus se importa o suficiente comigo
para me mandar um bilhete. Continuo muito confuso,
mesmo depois de tanto tempo. Simplesmente não sei
o que pensar, e a coisa não melhora. Sinto que estou
perdendo Kate e isso me mata. Talvez o que
aconteceu com Missy seja uma espé-cie de castigo de
Deus pelo que fiz com meu pai. Realmente não sei.
— Mack olhou o rosto de seu melhor amigo, mais do
que um irmão. — Só sei que preciso voltar.
O silêncio se prolongou entre os dois até que Willie
􀀤􀀃􀀦􀁄􀁅􀁄􀁑􀁄􀀏􀀃􀁅􀁜􀀃􀀺􀁌􀁏􀁏􀁌􀁄􀁐􀀃􀀳􀀑􀀃􀀼􀁒􀁘􀁑􀁊 􀀜􀀜
falasse de novo. — Então, quando partimos?
Mack ficou tocado com a disposição do amigo.
— Obrigado, meu chapa, mas realmente preciso
fazer isso sozinho.
— Imaginei que você diria isso - respondeu Willie,
virando-se e saindo
do cômodo. Retornou alguns instantes depois com
uma pistola e uma caixa de balas. — Achei que não
conseguiria convencê-lo a deixar de ir e pensei que
poderia precisar disso. Acho que você sabe usar.
Mack olhou a arma. Sabia que Willie estava tentando
ajudá-lo.
— Willie, não posso. Faz 30 anos que toquei pela
última vez numa arma e não pretendo fazer isso
agora. Se aprendi uma coisa na vida, foi que usar a
violência para resolver um problema sempre cria um
problema ainda maior.
— Mas e se for o assassino de Missy? E se ele estiver
esperando lá em cima? O que você vai fazer?
Mack deu de ombros.
— Honestamente não sei, Willie. Vou correr o risco,
acho.
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— Mas você vai estar indefeso. Não dá para saber o
que ele tem em
mente. Leve, Mack. - Willie empurrou a pistola e as
balas na direção dele. — Você não precisa usar.
Mack olhou a arma e depois de pensar um pouco
estendeu lentamente a mão para ela e as balas,
colocando-as com cuidado no bolso.
— Certo, só para garantir. - Em seguida pegou parte
do equipamento e, com os braços carregados, saiu na
direção do jipe. Willie levou a grande sacola de lona
que restava.
— Nossa, Mack, se você acha que Deus vai estar lá
em cima, para que tudo isso?
Mack lhe deu um sorriso carregado tristeza.
— Só pensei em cobrir as várias opções. Você sabe,
estar preparado para o que acontecer...
Quando chegaram ao jipe, Willie entregou as chaves
a Mack.
— E o que é que Nan acha disso? - perguntou.
— Nan e as crianças foram visitar a irmã dela e... Eu
não contei -
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confessou Mack.
Willie ficou obviamente surpreso.
— O quê!? Você nunca guarda segredos de sua
mulher. Não
acredito que tenha mentido para ela!
Mack ignorou a explosão do amigo, voltou a casa e
entrou no e
escritório. Ali encontrou as chaves de reserva de seu
carro e da casa e, hesitando apenas um instante,
pegou a pequena lata. Willie foi atrás dele.
— Como você acha que ele é? - perguntou rindo. —
Quem?
— Deus, claro. Como você acha que ele é? Mack
pensou um instante.
— Não sei. Talvez ele tenha uma luz muito forte ou
apareça no meio de uma sarça ardente. Sempre o
visualizei assim como um avô, com uma barba longa
flutuando.
Deu de ombros, entregou as chaves de seu carro a
Willie e os dois trocaram um abraço rápido.
— Bom, se ele aparecer, dê lembranças minhas -
disse Willie com um sorriso afetuoso. — Estou
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preocupado com você, meu chapa. Gostaria de ir
junto. Vou fazer uma ou duas orações por você.
— Obrigado, Willie. Você é um amigo e tanto. -
Acenou enquanto Willie dava marcha a ré pela
entrada de veículos. Mack sabia que ele manteria a
promessa. Provavelmente ele iria precisar de todas as
orações que conseguisse.
Ficou olhando até Willie virar a esquina e sumir,
depois tirou o bilhete do bolso da camisa, leu mais
uma vez e colocou-o na lata, que depositou no banco
do carona em meio a outros equipamentos.
Trancando as portas do jipe, voltou para casa e para
uma noite sem sonhos.
Bem antes do amanhecer da sexta-feira, Mack já
estava fora da cidade. Nan havia telefonado na noite
anterior dizendo que chegaram à segurança e que
voltaria a ligar no domingo. Até lá provavelmente ele
já teria voltado.
Refez o mesmo caminho que haviam tomado três
anos e meio antes, mas passou pela cachoeira
Multnomah sem olhar. No longo trecho subindo o
desfiladeiro sentiu o pânico se esgueirando e
invadindo sua consciência. Tentara não pensar no
que estava fazendo e simples-mente ir colocando um
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pé na frente do outro, mas os sentimentos e temores
represados começaram a surgir. Seus olhos ficaram
sombrios e as mãos apertavam com força o volante
enquanto ele lutava contra a tentação de voltar para
casa. Sabia que estava indo direto para o centro de
sua dor, o vórtice da Grande Tristeza que havia
minado sua alegria de viver.
Finalmente pegou a auto-estrada para Joseph. Pensou
em procurar Tommy, mas decidiu não fazer isso.
Quanto menos pessoas pensassem que ele era um
lunático desvairado, melhor.
O trânsito era tranqüilo e as estradas estavam
notavelmente limpas e secas para essa época do ano,
mas parecia que quanto mais avançava mais
lentamente viajava, como se de algum modo à
cabana repelisse sua aproximação. O jipe atravessou
a faixa de neve enquanto ele subia os últimos 3
quilômetros até a trilha que iria descer para a cabana.
Era apenas o início da tarde quando Mack finalmente
parou e estacionou no começo da trilha praticamente
invisível.
Ficou ali sentado por cerca de cinco minutos,
repreendendo-se por ser tão idiota. A cada
quilômetro percorrido desde Joseph as lembranças
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voltavam com uma clareza que o empurrava para
trás. Mas a compul-são interna de prosseguir era
irresistível.
Levantou-se, olhou o caminho e decidiu deixar tudo
no carro e descer a pé o trecho de cerca de um
quilômetro e meio até o lago. Pelo menos não teria de
carregar nada morro acima quando retornasse para ir
embora, o que esperava que acontecesse logo.
Estava suficientemente frio para sua respiração pairar
no ar em volta dele, e parecia que ia nevar. A dor que
estivera crescendo no estômago finalmente o
empurrou para o pânico. Depois de apenas cinco
passos ele parou e teve ânsias de vômito tão fortes
que o deixaram de joelhos.
— Por favor, me ajude! - gemeu. Em seguida
levantou-se com as pernas trêmulas e virou-se. Abriu
a porta do carona e enfiou a mão, remexendo até
sentir a pequena lata. Abriu a tampa e encontrou o
que estava procurando: sua foto predileta de Missy,
que tirou junto com o bilhete. Recolocou a tampa e
deixou a lata no banco. Parou um momento olhando
o porta-luvas. Por fim abriu-o e pegou a arma de
Willie, verificando que estava carregada e com a
trava de segurança acionada. De pé, fechou a porta,
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enfiou a mão embaixo do casaco e pôs a arma no
cinto, às costas. Virou-se e encarou o caminho de
novo, olhando uma última vez a foto de Missy antes
de enfiá-la no bolso da camisa com o bilhete. Se o
encontrassem morto, pelo menos saberiam qual tinha
sido seu último pensamento.
A trilha era traiçoeira; as pedras, geladas e
escorregadias. Cada passo exigia concentração
enquanto ele descia para a floresta cada vez densa. O
silêncio era fantasmagórico. Os únicos sons que
podia ouvir eram os de seus passos esmagando a
neve e o da sua respiração pesada. Mack começou a
sentir que estava sendo observado e uma vez chegou
a girar rapidamente para ver se havia alguém ali. Por
mais que quisesse dar a volta e correr para o jipe,
seus pés pareciam ter vontade própria, determinados
a continuar pelo caminho e entrar mais fundo na
floresta mal iluminada e cada vez mais fechada.
De repente algo se mexeu ali perto. Assustado, ele se
imobilizou em silêncio e alerta. Com o coração
martelando nos ouvidos e a boca subitamente seca,
levou devagar a mão às costas e tirou a pistola do
cinto. Depois de soltar a trava, olhou fixamente para
o mato baixo e escuro tentando ver ou ouvir algo que
pudesse explicar o barulho e diminuir o jorro de
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adrenalina. Mas o que quer que tenha se mexido
havia parado agora. Estaria esperando por ele? Só
para garantir, ficou imóvel por alguns minutos antes
de começar de novo a descer lentamente a trilha
tentando ser o mais silencioso possível.
A floresta parecia se fechar ao seu redor e ele
começou a se perguntar seriamente se havia tomado
o caminho errado. Com o canto do olho viu
movimento outra vez e se agachou instantaneamente,
espiando entre os galhos baixos de uma árvore
próxima. Algo fantasmagórico, como uma sombra,
entrou nos arbustos. Ou seria imaginação? Esperou
de novo, sem mexer um músculo. Seria Deus?
Duvidava. Talvez um ani-mal. Então o
pensamento que estivera evitando: "E se for algo
pior? E se ele tivesse sido atraído aqui para cima?
Mas para quê?"
Levantando-se devagar do esconderijo, com a arma
ainda na mão, deu um passo adiante, e foi quando de
repente o arbusto atrás dele pareceu explodir. Mack
girou, apavorado e pronto para lutar pela vida, mas,
antes que pudesse apertar o gatilho, reconheceu um
texugo correndo de volta pela trilha. Exalou aos
poucos o ar que estivera prendendo, baixou a arma e
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balançou a cabeça. Mack, o corajoso, parecia um
meni-no apavorado na floresta. Depois de travar a
arma de novo, guardou-a. "Alguém poderia se
machucar", pensou com um suspiro de alívio.
Respirando fundo outra vez e soltando o ar
lentamente, acalmou-se. Decidiu que estava farto de
sentir medo e continuou a descer o cami-nho,
tentando parecer mais confiante do que se sentia.
Esperava não ter vindo tão longe à toa. Se Deus
realmente aparecesse, Mack estava mais do que
pronto para dizer-lhe umas tantas verdades.
Algumas voltas depois, saiu da floresta para uma
clareira. Do outro lado, abaixo da encosta, viu-a de
novo: a cabana. Ficou parado olhando-a, com o
estômago transformado numa bola em movimento e
tumulto. Na superfície nada parecia ter mudado,
afora o inverno ter despido as árvores e o manto
branco de neve que cobria o lugar. A cabana parecia
morta e vazia, mas de repente transformou-se num
monstro de rosto maligno, retorcido numa careta
demoníaca, olhando-o diretamente e desafiando-o a
se aproximar. Ignorando o pânico crescente, Mack
desceu com decisão os últimos 100 metros e subiu os
degraus da varanda.